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Par ou Ímpar, por Zen

Toda pessoa que, de alguma forma, gosta de tatuagem, já ouviu a máxima: se você quiser ter tatuagem tenha, mas sempre em número ímpar, nunca par. “Dá azar!”, todos dizem. Na verdade essa já é uma crença antiga. Qualquer tatuador já foi questionado inúmeras vezes sobre isso por clientes, amigos ou parentes. Pra mim isso é história pra tatuador ganhar dinheiro, mas pra quem acredita eu confirmo. Durante muito tempo busquei aonde pude o porquê dessa lenda. Livros, revistas, internet, professores e amigos da área, enfim, todos os lugares confiáveis ou não.

A única resposta plausível que consegui obter nesses anos que trabalho com isso nos remete aos primórdios da história da tatuagem. Bem no começo, lá nas sociedades tribais mais primitivas e cabe aqui a lembrança de que temos indícios de tatuagem com mais de três mil anos, em múmias descobertas e hoje expostas nos maiores museus do planeta. Museus como o Louvre em Paris que tem o maior acervo egípcio do mundo, salvo as pirâmides é claro, e onde estão expostas muitas múmias tatuadas.

Nessas tribos da Antigüidade, onde a tatuagem já estava presente de maneira bem significativa, quem se tatuava o fazia sempre com cunho social ou religioso. A tatuagem tribal inclusive nasceu aí. O significado social da tatuagem indicava seu status e sua posição na tribo, ou seja, se a pessoa era pajé, guerreiro, curandeiro, enfim, sua colocação dentro da própria tribo. Porém, a tatuagem que era mais feita tinha, em sua ampla maioria, uma motivação religiosa, independente da fé daquela tribo. Acontece que tudo, em todas as religiões, é baseado em número ímpar, os chamados números cabalísticos, três, sete, treze...

Daí então veio a lenda de que tatuagem tem que se ter – invariavelmente – em número ímpar. Devido ao fato dela ter começado com significado religioso. E, como já perguntei antes neste mesmo blog, como se pode lutar contra séculos de história?

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