Abraços...
Zen.
Fotos: Tatiana Ribeiro
Matéria publicada na revista Tatuagem Arte e Comportamento,
Monja Cohen Murayama
Templo Zen Dojo.
 
"Costumamos dizer que a vida nos tatua"
"Nunca li nenhum preceito de se Buda era a favor ou contra a tatuagem. O que se recomendava aos monges era que não tivesse apego, que não usassem roupas muito especiais, que se tornassem uma pessoa simples. Mas isso era para os votos monásticos. Quanto à questão da pele – se fura ou não, se corta ou não – não tem, religiosamente, muito significado para nós.
Costumamos dizer no Budismo que a vida nos tatua. A vida, ela mesma, vai deixando marcas nas pessoas. Aqueles que têm a capacidade de ver, vê o outro ser e as tatuagens de sua vida e de suas vidas. Cada um de nós, conforme vai vivendo, vai criando hábitos, expressões no nosso corpo, e eles vão nos marcando, vão nos tatuando.
Por que uma pessoa tatua determinado desenho? Cada um de nós está expressando alguma coisa que é profunda, mais do que a idéia de um desenho bonito. Às vezes, a gente nem percebe o que é esse motivo maior. Que relacionamento eu tenho, por exemplo, com tatuagens de desenhos indígenas? Por que isso me atrai? Por que não tatuei um prédio ou um disco voador...? É uma questão de a gente procurar em nós mesmos, de se perguntar: de que forma isso se relaciona comigo? Acho bom q eu possamos expressar, através do nosso próprio corpo, aquilo que tem significado pra nós.
É evidente que estou dizendo o meu pensamento, porque há pessoas que têm discriminação dentro do Budismo. Havia, há uns vinte anos, um monge em Los Angeles que queria ser ordenado. Ele tinha tatuagens grandes. Meu professor, claro, deu ordenação a ele, não estava preocupado se tinha tatuagem ou não, ser monge é algo que vai além da pele. Então meu professor levou o discípulo para o abade e disse, “acabei de ordená-lo, tenho que levar seus documentos para o Japão”. “Mas ele tem tatuagem!”, respondeu o abade. “E o que é que tem?”, questionou meu professor. Mesmo assim, o abade segurou os documentos dele por vários meses. Naquela época, no Japão, tatuagem era muito ligada a Yakusa. Ficou a imagem de que só eles usavam tatuagem.

 
 
 
 
 
 
 
 

 

















