Uma das perguntas que ouço com maior frequencia, de clientes reais ou potanciais, é: "Ai Zen, o que você acha?". Ao que eu respondo: "Não acho nada. Se eu achar eu devolvo!"... Porque as pessoas insistem que os tatuadores têm que dar alguma opinião sobre suas tattoos? Querem opiniões sobre qual desenho, qual local do corpo, sobre qual o melhor tamanho.
Quem tem que saber isso é a própria pessoa que vai ser tatuada. E, na minha opinião, não se tem que perguntar pra ninguém. Nem amigos, parentes, relacionamentos, ninguém... Quando você vai fazer uma tattoo, ela é no seu corpo. Então é você quem tem que saber o que quer fazer, aonde e de que tamanho. Seu tatuador pode ter dar uma opinião sobre quais as melhores cores para serem usadas em você, uma vez que cada ser humano tem um tom de pele, ainda mais noBrasil. Afinal somos o país mais vira-lata do mundo. Vira-lata no sentido de misturas de raças, não no sentido pejorativo, pois acho o brasileiro o povo mais rico de cultura, força e garra do mundo.
Gente, eu já tatuei um ovo frito na cabeça de um cara. Ele raspou a parte de trás do cabelo e tatuou um ovo frito. Já tatuei uma garrafa de Coca-Cola no braço de uma menina. Nomes de namorados(as), maridos (esposas), amantes, ex... Acredite, há quem tatue o nome e até o retrato da ex... Já sendo ex, heim? Então, como poderei me sentir a vontade de dar opiniões de uma coisa definitiva pra quem eu nem conheço? Quando eu iria falar pra uma cliente: "Ah! Faz a garrafa da Coca-Cola"? NUNCA! Se nem a conhecia, como poderia saber se ela gostava de Coca ou de Pepsi?
Também já li entrevistas de tatuadores dizendo que há muitos desenhos que eles não fazem. Ora, porque não? Se está dentro da lei, temos que fazer. Já vi tatuadores dizendo que não fazem símbolos nem nomes de bandas... Se é o que o cliente quer e está na lei. O que ele tem com isso? Se a pessoa quer fazer, repito, e está dentro da lei, temos obrigação de fazer... É o que eu penso. Exemplo: no estado de São paulo, somos proibídos - por lei - de tatuar Vida Loka, PCC, a suástica nazista. No país inteiro a lei, o Conselho Reginal de Medicina - CRM, não permite que se tatue em órgão genitais (tanto masculinos, quantos femininos), dentro da boca, na parte interior do lábio, cartilagens da orelha, embaixo da unha (acredite, temos essa moda agora, as pessoas lixam as unhas até chegar na carne e tatuam a pele pra que a unha cresca depois e o desenho fique sob ela), olhos (também tem quem faça isso< temos até uma postagem aqui no blog, chamada Tatuagem nos Olhos - use o link)...
Aí tem que me pergunte: Mas se tem gente que tem essas tattoos, porque você não pode fazê-la? Temos bons e maus profissionais em qualquer área. Temos médicos que amputam a perna errada, não temos? Então temos tatuadores que fazem o que a lei não permite. Inclusive aplicando anestesias e matando gente em seus estúdios, como já cansamos de ver na televisão, nos jornais sensacionalistas... E com a fiscalização que temos no país, isso então vira brincadeira. Mas fiquem atentos: quem está errado pra uma coisa está errado pra todas... Falta de higiêne, de assepsia, de qualidade dos materiais, enfim. Por isso a recomendação: tomem muito cuidado já na escolha do estúdio onde quer fazer sua tattoo... Principalmente com os falsos profissionais...
Vou dar um exemplo próximo a mim. Estou numa cidade de quase 80 mil habitantes, ou seja, é quase uma vila ou um vilarejo. Aqui tinha uma pessoa tatuando, que acabara de sair da cadeia, e se dizia profissional, embora até na cadeia já estejam fazendo tattoos melhores que a dele, entendem? Um cliente veio fazer orçamento comigo. Somos o único estúdio profissional da cidade, com alvará, cursos, e documentação extremamente em dia. Dei um orçamento R$ 20 mais caro que nesse outro lugar. O cliente, pelo preço, optou por fazer lá, no lugar "mais barato". No resumo dessa pequena história, o cliente voltou aqui pra dizer que está processando esse outro lugar, pois pegou Hepatite C ao se tatuar lá...
Final de tudo: dêem uma lida no texto Hepatite C: o barato que pode sair caro, aquio no meu blog. Uma matéria que saiu na Superinteressante, sobre essa doença... Aí eu pergunto: o cliente economizou R$ 20, ou perdeu a vida com uma doença incurável? Pensem nisso, ok?
